Filhos de Gandhy autoriza homens trans no cortejo após firmar acordo com MP-BA

O tradicional bloco Afoxé Filhos de Gandhy firmou, no sábado (6), um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), após ter sido alvo de denúncias de transfobia no Carnaval de Salvador. O acordo garante a inclusão de homens trans nos desfiles da agremiação, que antes permitia apenas a participação de homens cisgêneros, conforme previa o artigo 5º de seu Estatuto Social.

Durante o Carnaval de 2024, a exclusão de homens trans gerou ampla repercussão nas redes sociais e mobilizou entidades LGBTQIAPN+ e defensores dos direitos humanos. O bloco foi criticado por adotar uma postura considerada discriminatória, e chegou a ser investigado pelo MP-BA por possível prática de transfobia. A Defensoria Pública da Bahia também se manifestou, classificando a restrição como um ato que incita preconceito e viola a legislação que equipara a transfobia ao crime de racismo.

Com o novo acordo, o Filhos de Gandhy se comprometeu a alterar formalmente seu estatuto, reconhecendo expressamente o direito de todos os homens, independente da identidade de gênero, participarem do cortejo. A associação também deverá publicar uma nota oficial, em suas redes sociais e site, reafirmando publicamente que homens trans são bem-vindos no bloco. A publicação deve ser clara, acessível e com ampla visibilidade.

Além das mudanças formais, o TAC prevê medidas de reparação simbólica e social. O bloco deverá doar R$ 10 mil ao Coletivo Mães da Resistência, organização que atua na defesa de familiares de pessoas LGBTQIAPN+ vítimas de violência. O valor será destinado exclusivamente a projetos voltados para homens trans. Outra medida firmada é a confecção de até 400 camisas que serão doadas ao Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat), entidade nacional que atua na promoção de direitos e da visibilidade transmasculina.

Fundado em 1949, o Afoxé Filhos de Gandhy é um dos blocos mais icônicos do Carnaval de Salvador. Com forte ligação com as tradições afro-brasileiras e religiosas, o grupo atrai milhares de associados e artistas a cada edição. Em 2024, desfilou com o tema “Ogum – O Senhor do Ferro, dos Metais e da Tecnologia!”, reunindo cerca de 4 mil participantes nos circuitos Dodô e Osmar.

Apesar da longa trajetória de exclusividade masculina, o bloco agora dá um passo importante rumo à inclusão e à diversidade, reconhecendo o direito de expressão de gênero dentro das manifestações culturais da cidade. O TAC firmado com o MP-BA representa, segundo as autoridades, um avanço na construção de um Carnaval mais igualitário, respeitoso e representativo.

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