Feirinha de Cajazeiras é Alvo de Abandono e Feirantes Dormem na Rótula para Proteger seus Espaços

Feirantes Dormem na Rótula para Preservar Barracas e Denunciam Abandono na Feirinha de Cajazeiras

 | Salvador (BA)

A rotina de trabalho dos feirantes na rótula de Cajazeiras, um dos principais centros comerciais populares de Salvador, vai muito além das vendas diárias. Sem estrutura básica, apoio institucional ou segurança pública, muitos deles dormem no próprio local de trabalho, entre lonas e barracas improvisadas, como única forma de proteger suas mercadorias e garantir seu espaço na feira.


“A gente tá lutando pra trabalhar. Não é porque gosta de dormir no chão ou correr risco, é porque não tem escolha. Se sair, outro pega o lugar ou roubam tudo”, desabafa seu Antônio, feirante há mais de 18 anos no local.



Feira que não dorme: permanência garantida na marra

Durante a madrugada, o cenário é de total vulnerabilidade. Feirantes se revezam em turnos improvisados de vigília. Homens e mulheres, muitas vezes com filhos pequenos, dividem espaços apertados entre caixas de frutas, roupas penduradas e lonas rasgadas. A ausência de segurança favorece furtos, tráfico e violência urbana, situações cada vez mais comuns no entorno da rótula.


“Já vi colega ser assaltado de madrugada dormindo aqui. Levaram celular, levaram mercadoria. A polícia só aparece quando já foi”, conta uma comerciante que preferiu não se identificar.



Estrutura abandonada, risco constante

A feira funciona sem cobertura, exposta ao sol escaldante e às chuvas. O calor atinge facilmente os 38 °C entre barracas metálicas, e em dias chuvosos o local vira um lamaçal. Não existem banheiros públicos, nem acesso à água potável. A iluminação é precária, favorecendo ações criminosas no período noturno.


“Quando chove, vira um inferno. Água na mercadoria, o barro invade tudo, cliente não entra. E a prefeitura? Só vem cobrar taxa. Mas na hora de ajudar, ninguém aparece”, denuncia dona Lurdinha, que comercializa verduras há 12 anos no local.



Impacto direto na economia local

A feirinha da rótula de Cajazeiras é um polo vital para o sustento de centenas de famílias da região. Estima-se que mais de 300 comerciantes atuem regularmente no local, movimentando milhares de reais diariamente e garantindo acesso a alimentos e produtos a preços populares. É um elo essencial entre comunidades de baixa renda e produtos acessíveis.

No entanto, a informalidade do espaço, aliada ao abandono estrutural, contribui para a marginalização dos trabalhadores e impede seu acesso a benefícios como linhas de crédito, regularização do ponto ou programas de apoio ao pequeno empreendedor.


Reivindicações urgentes dos trabalhadores

Em conversas com a equipe do Repórter Pix Bahia, feirantes listaram uma série de demandas básicas:



  • Instalação de cobertura metálica padronizada, como já existe em feiras de bairros mais centrais




  • Iluminação pública eficaz, especialmente à noite




  • Banheiros públicos com higiene mínima e acessibilidade




  • Segurança permanente, com ronda da Guarda Civil




  • Criação de um cadastro municipal oficial de feirantes, com direito a CNPJ MEI e acesso a benefícios




“A gente só quer trabalhar com dignidade. Se a prefeitura diz que é o governo das pessoas, então que olhe pra gente também. Somos gente”, afirma com firmeza o vendedor Jorge Almeida, 41 anos.



Riscos à saúde e à integridade

Outro ponto preocupante é a ausência de fiscalização sanitária e de controle de resíduos. Restos de alimentos, fezes de animais e lixo acumulado atraem ratos e insetos, representando risco de doenças para feirantes e consumidores.

Além disso, muitos feirantes relatam problemas respiratórios e dores musculares por passarem dias inteiros em exposição direta ao clima ou dormindo no chão, sem qualquer tipo de amparo social ou equipamento de proteção.


Conclusão

O cenário da feirinha de Cajazeiras reflete o drama de muitos trabalhadores informais em Salvador: resistência popular diante da ausência completa de políticas públicas. Em pleno 2025, é inadmissível que centenas de famílias precisem dormir na rua para proteger seu ganha-pão — uma rotina que mistura trabalho, abandono e luta diária pela sobrevivência.

































Enquanto a estrutura não chega, os feirantes seguem resistindo. Mas até quando?

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