Durante o dia, rotina; à noite, medo: moradores de Cajazeiras relatam insegurança

| Salvador (BA)

O bairro de Cajazeiras, uma das regiões mais populosas de Salvador, enfrenta uma combinação perigosa de abandono urbano, insegurança e descaso com o lixo. Moradores denunciam a precariedade dos serviços básicos e afirmam viver em um cenário de medo e insalubridade, especialmente durante o período noturno.

 Quando escurece, o medo toma conta

Durante o dia, as ruas de Cajazeiras mantêm certa movimentação e até presença ocasional de viaturas policiais. Mas basta o sol se pôr para que os moradores entrem em estado de alerta. Ruas mal iluminadas, ausência de patrulhamento noturno e registros frequentes de furtos e assaltos criam um ambiente de insegurança constante.


“Durante o dia, você vê uma viatura ou outra. Mas à noite é cada um por si. Evitamos sair. Até para ir na esquina é com medo. A gente vive trancado”, relata dona Marta, moradora da região há 22 anos.


Comerciantes da área relatam que fecham seus estabelecimentos mais cedo para evitar se tornarem alvos. Jovens e trabalhadores noturnos optam por mudar trajetos ou esperar caronas para não andar sozinhos. A sensação é de que a comunidade está entregue à própria sorte.


“Já fui assaltado duas vezes indo trabalhar de madrugada. A gente precisa sair pra ganhar o pão, mas não tem segurança nenhuma”, diz Rafael Santos, operador de caixa e morador


 Lixo acumulado: um problema crônico

A questão da limpeza urbana é outra dor antiga dos moradores. Ruas repletas de lixo, entulho acumulado em calçadas e contêineres constantemente transbordando são parte da paisagem cotidiana. O problema se agrava em locais de grande circulação, como praças, feiras e arredores de escolas.


“Tem lugar aqui que o lixo passa três, quatro dias sem ser recolhido. Junta rato, mosquito, cachorro rasga os sacos… O fedor é insuportável”, relata Caio Oliveira, morador  


As denúncias indicam que a coleta não segue um calendário fixo, e muitas vezes, quando o caminhão passa, já não consegue recolher tudo. Além disso, falta conscientização e fiscalização, o que leva ao descarte irregular de móveis, entulho de construção e lixo doméstico em vias públicas.

Causas e consequências

O abandono de serviços públicos em Cajazeiras tem impacto direto na qualidade de vida, na saúde pública e na segurança dos moradores. O lixo acumulado atrai vetores de doenças, como dengue, leptospirose e infecções respiratórias, além de contribuir para a degradação do espaço urbano.

A ausência de iluminação em pontos estratégicos facilita a ação de criminosos, e a falta de patrulhamento regular alimenta a sensação de impunidade. Nas redes sociais, moradores compartilham fotos e vídeos de situações críticas, cobrando respostas de autoridades.


“A gente só quer o mínimo: andar em paz na rua e não viver no meio do lixo. A prefeitura precisa lembrar que Cajazeiras também é Salvador”, resume dona Marta, com indignação.


O que pedem os moradores

As reivindicações da comunidade são claras e recorrentes:



  • Aumento do patrulhamento noturno com presença efetiva da Polícia Militar;




  • Instalação de câmeras de monitoramento em pontos críticos;




  • Melhoria na frequência e organização da coleta de lixo;




  • Campanhas de educação ambiental e instalação de placas contra descarte irregular;




  • Iluminação pública em ruas e vielas escuras;




  • Presença ativa das Prefeituras-Bairro e da Limpurb no diálogo com a comunidade.

Conclusão

Cajazeiras é uma das maiores comunidades de Salvador, berço de cultura, comércio e resistência popular. No entanto, segue esquecida pelas estruturas de poder, relegada ao abandono em áreas essenciais como segurança, limpeza urbana e iluminação pública. A realidade enfrentada por seus moradores é mais um retrato da desigualdade entre os bairros centrais e periféricos da capital baiana.































“Enquanto uns vivem, outros sobrevivem — ou tentam”, afirma um morador em tom de desabafo, olhando para o lixo acumulado diante de sua porta.


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